segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Subterrâneo Esquecido em São Paulo 2

Quase um ano depois deste post o site G1 publicou uma matéria esclarecedora.






(Foto: Divulgação/Paulista Viva)



A Avenida Paulista tem 22 subterrâneos ao longo dos seus 2,8 quilômetros de extensão. A maioria dos espaços está em completo abandono. Em alguns funcionam estacionamentos e até espaços esportivos.

Os espaços subterrâneos foram concebidos após a primeira proposta de alargamento da via, em 1965, desenvolvida por Figueiredo Ferraz e proposto pelo Departamento de Urbanismo e Vias Públicas. Até 1973, a largura da pista passou de 28 metros para 48 metros, segundo o arquiteto e urbanista Nadir Curi Mezerani, que participou do projeto de rebaixamento da pista da avenida, cujas obras chegaram a começar, mas foram interrompidas.

"Os prédios tinham seus subterrâneos, que eram as garagens. Na medida em que a prefeitura desapropriou o solo, ela desapropriou, na mesma fatia, o subsolo. Como algumas edificações já tinham estas áreas, as partes que ficaram sob a calçada se transformaram em área pública", disse Marly Lemos, diretora da Associação Paulista Viva.
Segundo Marly Lemos, dos 22 espaços subterrâneos existentes na Avenida Paulista, apenas dois não têm área possível de aproveitamento por serem muito estreitos. "Há empresas que usam como garagem ou estacionamento, outros fecharam a área e há também quem use até como quadra esportiva (é provável que seja o clube HOMS). O detalhe é que se trata de uma área pública usada como espaço particular", afirmou Marly.
Apenas dois subterrâneos, localizados entre a Rua Peixoto Gomide e a Alameda Ministro Rocha Azevedo, no sentido Paraíso, é que não têm como ser aproveitados. “O que não pode é deixar essas áreas abandonadas. Já tivemos notícias de que bandidos usavam os espaços, pessoas moravam lá. Isso não pode acontecer de novo”, disse Marly. O presidente da associação, Nelson Baeta Neves, disse que as áreas subterrâneas da Avenida Paulista poderiam ser utilizadas como espaços culturais, museus ou escolas. "Pelo caráter público, seria interessante que se recuperasse o subsolo. Depois disso, o foco poderia ser direcionado para a população. As opções são inúmeras, basta vontade política e do empresariado da própria região da avenida."

O maior espaço subterrâneo está localizado entre as ruas Augusta e Padre João Manoel. “A área tem cerca de 2000 m², que poderiam ser muito bem utilizados em benefício da população paulistana. Quem sabe até como ponto turístico, como mais uma opção de lazer para os moradores e turistas”, disse Marly, que visitou o local em setembro de 2004. “Seria preciso fazer uma ventilação, pois só há 20% de oxigênio nas galerias.”
Ela lembrou ainda que as áreas subterrâneas, existentes no sentido Consolação da Paulista, entre as ruas Augusta e Frei Caneca, são as que têm o segundo maior tamanho, com cerca de 1,1 mil m². “Algumas como as que estão sob a Galeria Nações Unidas e do Itaú poderiam ser interligadas para aumentar o espaço. Elas estão entre a Alameda Joaquim Eugênio de Lima e a Avenida Brigadeiro Luiz Antonio. São três áreas com dois subsolos cada.”


(Imagem: Divulgação)

“No nosso conceito da via no século 21, idealizado na década de 1970, a atual pista da Avenida Paulista deveria ser apenas para pedestres. Já naquela época a gente pensava nisso. Chegamos até a projetar estacionamento para o Museu de Arte de São Paulo”, disse o engenheiro João Antonio Del Nero, presidente da consultoria Figueiredo Ferraz. O conceito inicial era o de perpetuar o Metrô submerso, a via rebaixada para ônibus e carros e a parte onde existe hoje a circulação de veículos, ser destinada apenas aos pedestres.

“Essa obra começou e poderia ter sido concluída em 1973. Há mais de 800 tubulões de concreto e aço (espécie de estrutura usada em fundações de obras) enterrados sob a Avenida Paulista. Apesar de as escadarias do Metrô ocuparem parte da região central da avenida, o projeto não estaria inviabilizado. Ainda é possível retomar a obra”, disse o arquiteto Mezerani. Del Nero afirmou que os tubulões foram instalados para evitar que fosse atrapalhada a circulação de carros na Avenida Paulista. “Essa obra foi muito bem aceita no meio técnico de engenharia e arquitetura. Não houve contestações naquela época”, disse o engenheiro.

Maquete da Avenida Paulista com a pista rebaixada e vias adjacentes (Foto: Glauco Araújo/G1)

sábado, 11 de outubro de 2008